Neste post vou contar sobre uma experiência ruim de intercâmbio, mas
que acho que ainda assim foi válida para consolidar o que aprendi nos outros posts
a respeito do tema. Obviamente eu já aprendi muita coisa e esta
experiência não aconteceu comigo, mas com meu marido ("em casa de
ferreiro o espeto é de pau"). (Ainda assim a viagem foi maravilhosa!)
Eu
aprendi que é preciso planejamento, organização, pelo menos 4 semanas
(o que equivale a 1 mês em sala de aula), lazer e boas escolas para que
se tenha um intercâmbio onde o retorno do investimento seja positivo.
Mas às vezes o que a gente aprende e aconselha acaba seguindo por outros
caminhos por alguns fatores (sobretudo economia e teimosia).
Na
terceira viagem a Londres (sim, eu amo lá!!!), em 2005, fui com meu
marido. Ele precisava aprender melhor o inglês por questões
profissionais, poderíamos nos hospedar na casa de parentes (o que
significa ótima companhia, oportunidade de viver como um local e boa
economia) e ainda visitar a minha irmã na Alemanha (passando as festas
de final de ano com ela). Apesar de já estarmos casados há mais de um
ano, esta foi nossa verdadeira lua de mel.
O cenário era:
-
os dois trabalhando e portanto conseguindo no máximo 40 dias de férias
(depois de muito puxa daqui e junta dali e - necessariamente - teria que
coincidir com as férias coletivas de final de ano),
- orçamento restrito (sempre!),
- dinheiro somente para um dos dois estudarem (e portanto desta vez a prioridade foi o marido),
- hospedagem em parentes (para economizar e curtir a companhia),
-
encavalado com festas de final de ano (Natal e Reveillon), os poucos
dias em que "tudo para" (as passagens ficam mais caras, e o curso só
reinicia após as festas).
A libra continuava impossível, bem cara, e o dólar e o Euro estavam bem carinhos também.
ERRO 1
Na
minha opinião, uma vez que haveria pouco tempo, recomendei pelo menos 3
semanas de estudos. Ele escolheu fazer 2 (ficamos as outras 2 semanas
na Alemanha e República Tcheca). .
ERRO 2
Recomendei
as duas escolas em que eu havia estudado porque tinham sido boas e eram
super conceituadas, além de sugerir que fizesse os cursos extras na
parte da tarde para reforçar o aprendizado. Ainda, encontrei outras duas
opções que eram de descolas ainda boas, mas um pouco mais baratas. Ele
escolheu uma que foi "desrecomendada" por uma amiga e que era a mais
barata.
ERRO 3
E pior: optou por fazer
curso somente na parte da manhã, das 9 ao meio dia (nada de cursos
extras para ajudar com conversação ou phrasal verbs, ou business).
Resumo:
As instalações da escola eram horríveis, nada estimulantes.
Os
alunos, super desqualificados (a grande maioria estava matriculada
nesta "escola" somente para ganhar o visto de estudante e poder ficar no
país trabalhando ilegalmente e não tinha muito interesse e nem preparo
para estar ali estudando, nem o básico).
O curso em si era
péssimo. O foco da própria escola nitidamente não era no estudo, mas em
"alimentar" a "indústria de vistos de estudantes" (mas não vou discutir
aqui a questão). Os professores não tinham didática, não tinha material
de apoio nem muitos recursos audio visuais.
Ele não aprendeu nem
metade do que aprenderia se estivesse numa boa escola, e ainda não teve a
oportunidade dos cursos extras que ampliam, ainda mais, e reforçam a
fluência.
Mas ainda com estes erros, a viagem foi
maravilhosa (todos os demais aspectos sempre compensam), valeu a pena
(exceto pelo curso, que foi dinheiro jogado no lixo, ou seja "o barato
saiu caro") e a experiência serviu de lição, como um "não disse" - por
tudo o que já havia visto, vivido e sugerido. E pelas visitas que
fizemos a nossos familiares queridos.
Em nossa estada
visitamos vários pontos turísticos, fizemos algumas baladinhas,
encontramos familiares e amigos queridos, tivemos contato com a cultura,
pegamos a grande liquidação pós-Natal (e isso compensou muito o valor
alto da libra e dos Euros),
Não podia faltar a seção de coisas engraçadas e boas de recordar:
- chegamos na noite de Natal na Alemanha e no aeroporto havia no máximo uns 5 funcionários (deu um medo!);
-
apesar do frio negativo, fizemos um raclete* na varanda para celebrar o
Natal (*um prato suíço com um queijo especial que é colocado para
derreter sobre legumes, maravilhoso!);
- achamos a Alemanha muito barata e os alemães extremamente simpáticos - clique aqui para ler todos os posts que fiz sobre a Alemanha no blog);
-
em Londres, por coincidência, encontramos uma amiga estudando na mesma
"ótima escola" do meu marido - ela também se arrependeu da escolha;
-
viajamos de carro entre Bremen, na Alemanha, e Praga, na República
Tcheca, passando por Berlin, 4 adultos num carro tipo Corsa (Opel) dos
anos 80 e sem aquecimento (em temperaturas que chegaram a menos 20 graus
célsius), com cobertor e edredon para aguentar - "Férias da Família
Pinto";
- o Reveillon em Berlin é maravilhoso, e Praga é fantástica (a comida e a cerveja também);
-
ficar na casa do primo e poder cozinhar foi uma dádiva (pela excelente
companhia e para comer - finalmente - bem em Londres sem gastar muito,
sobretudo porque descobrimos que mercadinhos portugueses vendem feijão e
linguiça), vale a pena considerar a possibilidade caso você planeje
fazer um intercâmbio de longo prazo;
- vi a primeira baleia na natureza: um filhote de baleia "bottlenose" que erroneamente entrou no Rio Tâmisa e causou comoção na cidade (infelizmente ela não aguentou e acabou morrendo).
E também uma...
LIÇÃO DE VIDA DE INTERCAMBISTA
Não
adianta planejar e comprar uma viagem maravilhosa, para depois rasgar
seu dinheiro escolhendo um curso mediano ou ruim. Na minha opinião
existe: fazer um curso bom ou ótimo, ou não fazer (adiar até juntar um
pouco mais de dinheiro e poder pagar uma boa escola).
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